quinta-feira, 19 de março de 2020

Técnicas para a manipulação das massas


“Armas silenciosas para guerras tranquilas”. É assim que o escritor, filósofo e linguista norte americano Noam Chomsky, nascido na Filadélfia em 7 de dezembro de 1928, descreve dez técnicas de manipulação das massas.

1 – Estratégia da distração
Uma forma de manter o controle social da população é desviar a sua atenção frente às mudanças sociais, econômicas e políticas pelas quais a sociedade está atravessando atualmente, como forma de passar despercebido o que realmente é benéfico para a população, em favorecimento dos interesses da classe dominante. Assim, o público deixa de pensar os problemas essencialmente importantes, para voltar se ocupar com os seus afazeres diários como, por exemplo, trabalhar todos os dias pontualmente e voltar para casa com segurança.
Não é de interesse do Estado que os indivíduos sejam seres pensantes, que se preocupem em aprofundar seu conhecimento para serem formadores de opinião (pensamento crítico). É mais vantajoso ter os indivíduos acomodados que não questionem tanto o porquê das coisas e as aceitem do jeito que está, mantendo-os assim, sob controle.
Manter a atenção do público desviada dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado e ocupado, sem nenhum tempo para pensar, de volta a granja, com os outros animais.

2 – Problema reacção solução
Nessa estratégia cria-se proporcionalmente um problema para gerar uma reacção no público, no intuito de que o mesmo seja visto como o responsável pelas medidas que o governo já iria adoptar. Ou seja, dão voz ao povo, para mascarar os verdadeiros interesses da classe dominante. Por exemplo, surgem boatos que a epidemia da febre amarela está se alastrando pela cidade, sendo que nada ainda foi comprovado. As pessoas acreditando já ser uma epidemia se desesperam, e compram remédios em grande quantidade, alimentando o lucro das indústrias farmacêuticas.

3 – Estratégia da gradação
Para se fazer aceitar uma medida considerada arbitrária ou inaceitável pela população, essa estratégia é utilizada de modo eficaz. Como uma espécie de conta gotas, tal medida é aplicada aos poucos, podendo estender-se há meses ou anos a fio.
Dessa forma, o aumento abusivo de impostos, bem como da taxa de transporte público, por exemplo, passam a ser vistos com o passar dos dias, meses e até anos, como realmente algo necessário a população, um processo que ocorre gradualmente para evitar uma possível manifestação do povo.
Medidas que são na verdade prejudiciais a população, por favorecer os interesses escondidos de uma minoria, passam a ser implantados como se fossem garantir benefícios em comum (universais), para a população.

4 – Estratégia do diferimento
Outra estratégia utilizada para se fazer aceitar uma medida considerada abusiva ou prejudicial, é a de que ela é “dolorosa e necessária”, no sentido de ser inevitável a sua implantação.
Utiliza-se a máxima “piano piano si va lontano”, equivalente ao ditado popular, “devagar se vai ao longe”, para se fazer aceitar momentaneamente uma determinada medida no presente, e em um futuro próximo, aplicá-la.
É mais fácil aceitar a implantação de uma medida afirmada pelo Estado como “dolorosa e necessária” no futuro, do que de forma imediata, ou seja, assim que é formulada. Porque faz com que o indivíduo, alimente uma falsa esperança de que mais na frente, as coisas irão se acertar (normalizar), levando-o a aceitar tal medida com resignação, um sacrifício a ser consumado para o bem de todos.
É mais fácil aceitar um sacrifício futuro, do que um sacrifício imediato. (fonte)

5 – Tratar o público como se fosse criança
O mercado publicitário, geralmente usa de artifícios mediáticos infantis, para se dirigir ao público, como se tivesse a idade de 12 anos ou menos. Essa estratégia é utilizada para que o público também corresponda de modo infantil, respondendo as questões importantes da sociedade de modo vago, sem fundamentação crítica.
Sabemos que as crianças estão em processo de formação de sua consciência moral e intelectual. Em consequência, os meios de comunicação se utilizam de personagens, argumentos, discursos de uma linguagem particularmente infantil, para tratar o telespectador como uma criança em processo de formação de carácter. Pior, como se tivesse problemas neurológicos, subestimando a sua inteligência, frente aos graves problemas que estamos enfrentando actualmente.
Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos então, em razão da sugestão, ela tende, com certa probabilidade, a dar uma resposta ou ter uma reacção também desprovida de um senso crítico como a de uma pessoa de 12 anos de idade ou menos.

6 – Utilizar o aspecto emocional muito mais do que a reflexão
Essa técnica utiliza o aspecto emocional do indivíduo, de modo que ele deixe de pensar criticamente sobre as questões importantes, para facilmente ser influenciado na tomada de decisão a favor da classe dominante.

7 – Manter o público na ignorância e na mediocridade
Essa técnica torna os indivíduos alheios aos principais acontecimentos, fazendo com que não sejam capazes de compreender as técnicas utilizadas pela classe dominante, para escravizar e manipulá-los, sem que possam ao menos, manifestar uma opinião fundamentada acerca de determinado assunto.
A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores e as classes sociais superiores seja e permaneça impossível para o alcance das classes inferiores.

8 – Impor modelos de comportamento
Indivíduos alienados que não são capazes de formular uma opinião crítica sobre determinado assunto e que sempre são influenciados por uma ou mais pessoas, são mais fáceis de controlar, do que aqueles que fundamentam seus argumentos de modo crítico.

9 – A autoculpabilização
O indivíduo sempre é visto como o culpado pelo seu sucesso ou fracasso e que não há nenhuma relação com os aspectos sociais, políticos e económicos que estão a sua volta. Ao invés de lutar pelos seus direitos, posicionar-se a favor ou contra alguma medida, e procurar fazer a sua parte frente aos problemas que o aflige, acaba por punir a si mesmo.
Muitas pessoas de tanto se culparem pelos problemas, desvalorizam a sua própria capacidade de vencer as adversidades, tornando-se depressivas. Por exemplo, o indivíduo que perde o emprego e ao tentar adquirir um novo, ao receber várias respostas negativas, logo se sente culpado e incapaz de conquistar um novo emprego, deprimindo-se ainda mais.

10 – Os meios de comunicação sabem mais de você que você mesmo
Por toda parte onde andamos, somos vigiados, assim como uma espécie de reality show, temos a nossa privacidade ameaçada pela influência da mídia, da indústria cultural que nos impulsiona a consumir além do que realmente necessitamos.
Das câmaras de vigilância espalhadas pelos quatro cantos da cidade, que no intuito de nos manter em segurança, acaba nos inibindo de fazer coisas que poderíamos fazer se não houvessem câmaras.
Fora as pesquisas, sondagens, para saber a preferência do público sobre um assunto de grande importância, justamente para se valer das técnicas de controle das massas já mencionadas anteriormente, e colocá-las em prática.

Bibliografia:

Noam Chomsky: https://chomsky.info/ 
https://www.rtp.pt/play/p2771/e249021/os-boys  
https://www.youtube.com/watch?v=7qAbPn_PtDU
https://www.youtube.com/watch?v=N4yLQZr9vb8
https://www.youtube.com/watch?v=PaaBFhWbr98
https://www.youtube.com/watch?v=xBVUBJXWXWY
https://www.youtube.com/watch?v=iQKyse8K3P4
Ribeiro, Vasco. (2009). Fontes Sofisticadas de Imprensa: Análise do produto jornalístico político da imprensa nacional diária de 1995 a 2005. Lisboa: Formal Press.

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